Mesmo para os mais distraídos, as fotografias expostas nas áreas internas da Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), no CAB, chamam a atenção pela beleza e representatividade. As imagens que destacam estudantes pretas, valorizando sua identidade étnico-racial, integram o Projeto Pretitude em Foco, desenvolvido por estudantes do Colégio Estadual Edith Machado Boaventura, do município de Feira de Santana. A iniciativa é fruto da parceria entre a SEC e a Secretaria de Promoção da Igualdade Racial e dos Povos e Comunidades Tradicionais (SEPROMI), a partir do Edital Professor Jorge Conceição, que premiou, em 2021, projetos que se dedicaram a temas ligados à história afro-brasileira e indígena.
A exposição é itinerante e já passou por 15 escolas públicas nas regiões de Feira de Santana, Ipuaçu, São Gonçalo dos Campos, Humildes e Santanópolis. As imagens estarão expostas na SEC até o dia 26 de agosto. Inspirado no pertencimento e na valorização do povo preto, bem como no pensamento de que é fundamental uma reflexão crítica sobre as questões étnico-raciais no país, o professor de Língua Inglesa e Artes, João Luiz Costa, idealizou o projeto para estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “É importante desenvolvermos trabalhos educativos que reconheçam e valorizem a presença da população negra, especialmente da mulher negra, em diferentes posições na cultura brasileira, a qual irradia resiliência, energia vital, força espiritual e positividade”, explica o educador.
Construção – O projeto foi construído em três etapas, tendo sido iniciado com discussões sobre a luta contra o racismo, contando com a participação dos professores da escola. Em seguida, os estudantes participaram de oficinas e minicursos de modelagem, maquiagem e fotografia com profissionais das áreas para, na última fase, colocarem em prática os ensinamentos, realizando os ensaios fotográficos.
A estudante Stephanie Santiago, 23, é mãe solteira e tem dois filhos. Ela fala do impacto do ensaio na sua vida. “Este projeto, além de levantar minha autoestima, me despertou uma grande paixão pela fotografia. Também aprendi a me maquiar da forma certa e a não ter vergonha de usar cores chamativas. O projeto me incentivou muito a manter o meu amor próprio, a me olhar com outros olhos”, revelou a estudante.
Vitória Amaral, 17, conta que passou a estudar na EJA porque durante o dia cuida do sobrinho, pois a irmã precisa trabalhar. Para ela, ser uma das modelos do Pretitude em Foco foi a realização de um sonho. “Eu sempre quis ser modelo, mas nunca tive uma oportunidade, até o dia em que esse projeto surgiu e a gente descobriu um talento que nem imaginava ter”, afirma, ao completar: “Eu tinha muito problema com a autoestima, não me achava bonita, por conta da minha cor e do meu cabelo, mas mudei o meu pensamento depois do projeto. Agora, eu me vejo com outros olhos”, afirmou.
As histórias relatadas pelas estudantes estão no imaginário da servidora da SEC Luísa Emília, que trabalha na Coordenação de Infraestrutura (COINF). Antes mesmo de conhecer a realidade das meninas, o que mais chamou sua atenção foi a abordagem da valorização da beleza das mulheres negras, aliada aos sentimentos de pertencimento e empoderamento feminino. “Por trás desses olhares, só imaginamos as dificuldades que cada uma delas passa e, por isso mesmo, transmitem tanta força”, afirmou.
Fonte: Ascom/SEC
Fotos: Divulgação